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Guarapuava não tem cultura? Quem disse?

Passando pela rua um dia desses, encontrei um amigo. Conversa vai, conversa vem e ele desabafa indignado. “Guarapuava não tem eventos culturais, por exemplo, hoje não temos o que fazer”. A afirmação me deixou angustiado e logo comecei a pensar, mas será?

Guarapuava pode até não ter um teatro, não estar no circuito de shows nacionais dos popstars, mas convenhamos, a cidade está cheia de artistas, eventos e pessoas interessadas em produzir arte.

Este mês foi um exemplo disso. Tivemos o I Festival Cênico “Guarapuava abre as cortinas” organizado pelo artista Jones Guerra e realizado de 4 a 9 de novembro. O evento contou com o apoio do Sesc e reuniu grupos teatrais, companhias de dança e varias apresentações gratuitas. Jones destacou o evento como um marco para que aconteça mais festivais. “Tive muito apoio, faltou gente, público, mas tivemos apoio dos artistas, colégios, meios de comunicação, que seja o começo de muitos festivais ” afirmou o ator.


A última mostra neste ano do Cine Sesc em parceria com a o Grupo de Pesquisa em Cinema da Unicentro relembrou os filmes do ator Vicent Price entre 7 e 9 de novembro. De filmes como O Corvo, baseado na obra do escritor Edgar Allan Poe, até Doutor Morte, os longa metragens mostraram a ficção nos filmes de terror.

Organizado em comemoração aos 10 anos de Academia de Letras e Artes de Guarapuava, o I Salão de Artes Plásticas de Guarapuava está reunindo vários artistas daqui e de fora da cidade. As entradas são gratuitas e se encontram pinturas, esculturas a disposição de todos. Dentre eles as de Felipe Soeiro que expõe pinturas em acrílico e afirma ser uma oportunidade de mostrar o trabalho guarapuavano para fora. “Achei muito bom, porque a cidade tem uma historia, bastante pessoas lutando para que possamos ter um espaço de arte, a partir do momento que temos um salão assim reunimos artistas e levamos eles para fora da cidade” conta Soeiro.

Outra artista do Salão, é a pintora Silvia Mattos que tem dois quadros no Centro de Artes Iracema Trinco Ribeiro. Silvia elogiou o espaço e a importância do evento. “Para nós, artistas de Guarapuava é importante porque a gente não tem apoio, e o salão vem abrir muitas portas” conta a pintora. Quem faz o julgamento das obras é uma confederação de artes do Rio de Janeiro.


Muita coisa? No feriado da proclamação da república (15) o artista Dino Rocha, conhecido como Rei do Chamamé, esteve em Guarapuava apresentando a música sul-mato-grossense, pelo projeto Sonora Brasil, do Sesc. Nos dias 19 e 20, V Espetáculo de Balé. De 25 a 27, Walter Firmo, com 55 anos de carreira em fotografia estará em um workshop na cidade.

Fora tudo isso, mostras de fotografias que aconteceram em colégios de Guarapuava, como a do Colégio Tupy retratando problemas da cidade, o lançamento do livro do ex-prefeito Nivaldo Kruger no Congresso Nacional, estreias no Cine XV, o Museu da Agrária mudando de local, mostra de cinema do curso de Filosofia, enfim uma cachoeira de cultura apenas neste mês de novembro, que por sinal nem acabou.

Guarapuava tem sim, artistas conhecidos, desconhecidos, populares, do interior, aqueles que animam o culto, a missa, o baile e outros que pintam, escrevem, escultores. Enfim, o que a cidade precisa é de apoio a esses artistas tanto dos políticos, com a construção do teatro e investimento em cultura popular, como de nós, os que assistem.

A provocação que fica é: Será que Guarapuava não tem espaços culturais, ou somos nós que não participamos dos eventos, em sua maioria gratuitos, e não prestigiamos a arte de nossa cidade? Não sei, comentem.

Ou então envie um email para luaanchagas@gmail.com

Comentários

  1. Literalmente isso é uma caso de falta de cultura, no sentido lato da palavra, ou seja, hábito ou tradição...

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  2. É caso de falta de uma divulgação adequada também

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