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Lendas de Guarapuava



Por Elis Oliveira

Há quem acredite que Guarapuava é uma cidade permeada por lendas. Quem nunca ouviu alguém contar a sua versão para a lenda da Lagoa das Lágrimas, um dos lugares mais visitados da cidade, construída por volta de 1964 a 1968, ou a lenda da Capelinha do Degolado, muito conhecida pela região, que foi até tema de um programa de televisão no ano de 2010.
Também tema lenda do Baile das Feias, sobre a passagem das tropas de Gumercindo pela nossa cidade, conta-se que no tempo dos maragatos da Revolução Federalista, Guarapuava, como outras cidades do Paraná, sofreram por fazer parte da rota das tropas que vinham do Rio Grande do Sul nessa época. Isso aconteceu por volta do ano de 1894 quando houve a fuga desses revoltosos. Segundo a lenda, a  coluna de Juca Tigre e do Coronel Sancheseram era composta  de quinhentos homens que passaram por dentro da cidade para abstecerem-se de proventos, saqueando fazendas, levando animais e suprimentos e também cometendo grandes bárbaries amedrontando a polulação.
Ao passarem pela cidade, os revolucionários exigiram de despedida um baile, pois corria a notícia que Guarapuava possuia  as mulheres mais bonitas, e para que o tal baile acontecesse  escolheram para o local  o casarão do Coronel Pedro Lustosa, que era em frente a Catedral.
Os pais das moças, preocupados com a ocasião, não deixaram suas filhas mais novas e mais “afeiçoadas” irem ao baile, levando apenas as não tão bonitas e mais velhas.
Conta-se que para chegar ao casarão, os convidados deveriam passar por uma coluna de maragatos na rua XV de novembro. Algo curioso, que algumas pessoas não sabem e não associam que essa lenda tem a ver com a da Capela do Degolado, que por ocasião da visita, Juca Tigre, como forma de intimidação, condenou à morte um dos prisioneiros de guerra da batalha da Lapa, em que o próprio Juca Tigre degolou o prisioneiro, no local começou a acontecer milagres , por isso a criação da capela do degolado. Um  fato curioso é que os santos da capela aparecem sem cabeça e, ainda, segundo a lenda, a alma do soldado continua vagando pela região.
Além das lendas conhecidas por meio de livros e que foram passando de geração em geração, que são  mitos urbanos como o próprio nome mesmo diz ou lendas contemporâneas, que podem ser  pequenas  histórias com um caráter fabuloso ou sensacionalista, muitas delas têm  sua divulgação de forma oral, por emails ou pela mídias, constituindo um tipo de folclore moderno. E a lenda do Soldado sem cabeça, não deixa de ser uma lenda urbana, porque desde que um canal de televisão em 2010 fez filmagens sobre esse “causo”, intensificaram-se os boatos de pessoas que veem “a alma penada” do soldado em questão.
O interessante das lendas, urbanas ou não, é que elas contam um pouco sobre a história cultural do nosso povo, e Guarapuava tem inúmeras delas. No entanto, como diz o dito popular "quem conta um conto aumenta um ponto" as lendas por serem repassadas oralmente, acabam sofrendo alterações, mas não perdendo o seu foco principal, que é de contar uma história que combine fatos reais e históricos com os irreais.

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