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Mostrando postagens de agosto, 2016

Crônica - Trivialidade moderninha

  “Não sei o que ela quer”, dizia meu amigo em um suspiro atribulado. Pobre alma, acostumado a uma vida boemia foi arrebatado por um relacionamento sério, e agora sofria as mazelas das concepções atuais de namoro.   Na realidade, nem eu sabia o que ela queria. “Ela não quer que eu deixe ela com ciúmes”. Tal frase ecoou na minha cabeça de forma retórica, afinal me negava a aceitar a condição de que, apesar de serem namorados, ele poderia ser responsável por um sentimento que cresce em outra pessoa. Para ser sincera nunca entendi as reais definições de um relacionamento sério. Sempre acreditei que as pessoas se relacionam de forma errada e absurda. O que observo constantemente são indivíduos que se anulam e acabam sendo sugados por um apêndice homogêneo, ou o tão afamado “nós”. Agarro-me ao conceito de que quando o “nós” impera, o individuo perde a noção do “eu”. Inúmeras vezes ouvi de amigos frases como “nós estamos muito cansados para sair” ou “nós não achamos uma boa ideia”.  

A Marca da Maldade - A obra Noir de Orson Welles

Você já ouviu falar em Film Noir? Ele é um estilo cinematográfico que teve seu ápice entre as décadas de 1940 e 1950, caracterizado pelo gênero policial, o film noir é recheado de personagens cruéis e inescrupulosos que transitam em ambientes sombrios e com certo ar de perversidade, efeito alcançado por meio da fotografia lúgubre e da trilha sonora, que atua como uma prévia do que está por vir. Os enredos do film noir exibem uma rejeição pela busca do mundo perfeito, em contrapartida procuram mostrar as maleficências em que mergulha a sociedade. Nesse contexto surge o diretor Orson Welles e sua obra que pode ser considerada o último noir clássico, A Marca da Maldade. Recheado de influências do barroco e do expressionismo alemão, este filme de Orson Welles se inicia com um plano-sequência onde vemos um homem plantando uma bomba em um carro. Essa cena preliminar, aliada ao presságio apresentado com a trilha sonora, nos permite saber que uma tragédia irá acontecer. No melhor

Cães de Aluguel, cada cão tem seu dia

Quentin Tarantido vem roubando a cena cinematográfica desde os anos 1990. Atualmente recebendo as glórias de sua mais nova obra, “Os Oito Odiados”, o diretor nos instiga a tecer uma relação entre seus filmes. Os oito odiados de Tarantino não podem deixar de serem comparados aos seus seis cães de aluguel. Seu novo filme não decepciona os fãs dos pontos característicos do diretor, ao ponto que somos apresentados a todo o elenco, começam a surgir os grandes diálogos, os tiros inesperados, o sangue caricato, a brilhante disposição dos elementos em cena, a dinâmica teatral, enfim, toda a singularidade que fez o diretor emergir no cinema dos anos 1990. Relembrando sua obra de sucesso, Cães de Aluguel é um filme de 1992, escrito e dirigido por Quentin Tarantino. Apresenta uma narrativa não linear, com cortes bruscos, cenas violentas, diálogos divagados e muitos palavrões. O ritmo das cenas é estático, centrado em planos fechados, explorando o máximo dos atores e do diálogo. O roteiro é i

Beetlejuice, com sequência ou não

Desde março deste ano, uma notícia vem fomentando os fãs de cinema, em especial, os fãs do diretor Tim Burton, e de um de seus filmes mais característicos, Beetlejuice. O filme, que foi lançado em 1988 pode ganhar uma sequência. Mesmo não sendo um fato confirmado pelo diretor, os fãs estão empolgados e já produziram cartazes de uma suposta continuação, que exibe os protagonistas Michael Keaton e Winona Ryder, como um prelúdio de que os mesmos seriam escalados novamente para os papeis. Um clássico que conquistou as crianças dos anos 1990, Beetlejuice é uma comédia de fantasmas pretensiosa que mata seus protagonistas, Adam e Barbara Maitland, em apenas oito minutos de filme. Assim começa o roteiro normal de uma casa mal-assombrada, porém são os fantasmas que desejam se livrar dos vivos. O filme é uma demonstração brilhante da sensibilidade única de Tim Burton em relação à cultura pop. Sua estética condiz com um plano dimensional que apenas o próprio Burton poderia criar, reple